quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ANALFABETISMO CULTURAL

Um comentário:

Hildebrando - UNB LINGUAGENS CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS disse...

Joãozinho Ribeiro

“O maior analfabeto não é aquele que não sabe ler; porém aquele que sabendo se recusa a fazê-lo”.

(Mário Quintana)

Passei o final de semana anterior na cidade de Imperatriz, convidado para o encerramento da V Semana Imperatrizense do Livro, promovida pela Academia de Letras local. Lá, proferi palestra e apresentação do “PAC da Cultura”, e tive a feliz oportunidade de assistir a uma verdadeira conferência do ilustre Historiador e membro da AML, Desembargador Milson Coutinho, companheiro de viagem, sobre “O Sentido das Academias de Letras”.

Por falar em letras, dados da pesquisa MUNIC 2006, realizada pelo IBGE acerca da malha cultural brasileira, nos dão a perfeita e tenebrosa medida da precariedade do acesso aos bens, serviços e equipamentos culturais no País, no Nordeste e no Maranhão.

A pesquisa, pela primeira vez, foi direcionada para o setor das atividades culturais, hoje responsáveis por cerca de 7% do PIB e 5% dos empregos formais em todo território nacional. Embora, paradoxalmente, tenhamos um índice de analfabetismo (população urbana de 15 anos ou mais de idade) na faixa de 10,5% (14,4 milhões de indivíduos), com o analfabetismo funcional (falta de domínio de habilidades em leitura, escrita, cálculos e ciências) atingindo 22,2% de indivíduos.

Da pesquisa de Informações Básicas Municipais 2006, realizada pela Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, do IBGE, extraímos o seguinte quadro relativo ao mapa da exclusão cultural no Brasil:

· 92% da população nunca visitaram um museu;

· 78% jamais assistiram a um espetáculo de dança;

· 82% não têm computador;

· 600 municípios brasileiros nunca receberam uma biblioteca (440 estão no Nordeste);

· O brasileiro lê em média 1,8 livros per capita/ano (contra 2,4 da Colômbia e 7 da França);

· 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população;

· O preço médio do livro de leitura corrente é de R$ 25,00, elevadíssimo quando comparamos com a renda do brasileiro das classes C, D e E e dos cerca de 600 municípios que nunca receberam uma biblioteca.

Através do Programa Livro Aberto do MinC, a Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com as prefeituras maranhenses, implementou 25 bibliotecas municipais em 2007, já se encontrando praticamente concertada a celebração de contrato para a implementação de mais 50 bibliotecas públicas, em uma segunda etapa.

O Programa “Mais Cultura” – PAC da Cultura - tem o propósito de promover a diversidade sociocultural, a cidadania e o aumento da acessibilidade da população brasileira à leitura. Uma de suas metas destina-se à instalação de quatro mil Pontos de Leitura, em todo o País, três mil bibliotecas comunitárias, 600 unidades em Pontos de Cultura e 400 em hospitais, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e outros locais de atendimento público. Cada ponto terá livros (entre ficção, não-ficção, gibis), computadores, estantes, tapete e almofadas.

O Programa prevê o fomento à publicação de nove milhões de livros a baixo custo, além de estimular a circulação de revistas e periódicos a preços acessíveis e a implantação de uma rede de distribuição que leve esses produtos às pequenas cidades, áreas rurais e comunidades tradicionais.

Em fina sintonia com o programa “Mais Cultura”, as diretrizes do Programa do Governo Jackson Lago “Maranhão Cultural: A Imaginação a Serviço da Cidadania e do Desenvolvimento”, no capítulo relativo ao Livro, Leitura, Informação e Biblioteca, dispõe: “A leitura, o livro, a informação e a biblioteca são instrumentos de transformação social. Elevar o Maranhão à condição de um Estado de leitores críticos, capazes de promover mudanças, é um dos eixos do nosso projeto de política cultural. Assim, pretendemos:

· Articular institucionalmente as diversas ações e políticas para o Livro, a Leitura e a Biblioteca conduzidas por diferentes áreas do governo, sintonizadas com as Secretarias de Educação do Estado e dos Municípios, e os Ministérios da Educação e Cultura.

· Colaborar na consolidação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), no estado e nos municípios maranhenses;

· Intensificar as ações do estado e apoiar as dos municípios para financiamento e fortalecimento do sistema de bibliotecas públicas (municipais, estaduais, federais, comunitárias, escolares e universitárias);

· Criar uma rede de informações para inclusão digital com implantação de telecentros a partir de parcerias com o Viva Cidadão;

· Radicalizar as ações do Estado e da Sociedade Civil, visando a erradicação do analfabetismo”.

Firmes neste propósito, temos estimulado e apoiado várias ações neste sentido: I Feira do Livro de São Luís, na condição de parceiros; o Salão do Livro de Caxias; a V Semana Imperatrizense de Letras; o Plano Editorial 2007; implementação de bibliotecas públicas municipais, além de projetos encabeçados pela Biblioteca Pública Benedito Leite e pela Casa de Cultura Josué Montello – Concurso Literário “Análise de Romances de Josué Montello”; Terça na Biblioteca (atendimento a crianças de escolas públicas, privadas e comunitárias através de atividades para práticas leitoras, envolvendo o lúdico); Cine Bíblio-Cultural (toda quarta-feira, às 16h. Exibição de filmes baseados em obras literárias); Escritório de Direitos Autorais, com o serviço de depósito legal dos registros das produções literárias locais (ISBN).

Dias 26 e 27 do corrente, a SECMA e a Secretaria de Estado da Educação estarão realizando o I Fórum Estadual de Cultura e Educação, em parceria com o MinC e o MEC, com uma pauta recheada de temas pertinentes a uma política de erradicação do analfabetismo, com lastro num programa radical de formação de leitores críticos.

Com a imaginação, a caneta e o papel, tenho certeza que erradicaremos o analfabetismo cultural, e com ele o poderio do coronel, de uma vez por todas deste nosso Maranhão.

O secretário de Cultural do Estado, Joãozinho Ribeiro, escreve para o Jornal Pequeno às segundas-feiras.


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